Improv Everywhere no Brasil

Lembram-se do grupo novaiorquino que citei outro dia? Pois é, segunda-feira, dia 09/03, vai rolar o youpix 2009, um evento no Espaço Gafanhoto no qual, entre outras coisas, haverá uma palestra de apresentação do Improv Everywhere para os paulistanos. No site do evento tem mais um vídeo de uma das ações do grupo no metrô:

Quem comparecer também poderá participar de uma brincadeira que envolve o download de um arquivo mp3 para ser escutado somente às 18h da próxima segunda-feira. Já fiz minha inscrição (grátis, com vagas limitadas). Quem sabe aprendo como transformar essa energia mobilizatória para fins revolucionários. Ou não.

Mais informações aqui.

Décimo-terceiro dia – 30/12

Esqueceram de mim 2
Depois de sobreviver ao primeiro dia sozinho em Manhattan, senti-me mais confiante e arrisquei um passeio por outras áreas ainda não visitadas. A viagem já estava chegando ao fim e esse seria o último dia que poderia ser plenamente aproveitado batendo perna pela ilha, já que os planos a partir dali eram ajeitar as coisas para o ano-novo e, logo em seguida, arrumar as malas para a volta.

A essa altura da viagem eu já havia me acostumado com o percurso ônibus em NJ > trem > metrô em Manhattan. Ser minoria em meio aos negros no ônibus Jersey City também já não me causava tanto estranhamento. O que ainda era difícil encarar com naturalidade era o famigerado frio. Você acaba aprendendo, por bem ou por mal, a lidar com ele depois de 13 dias, mas meu queixo continuava sendo a parte mais fria do meu corpo depois de um tempo andando de cara pro vento.

Jack’s – o R$ 1,99 de Manhattan
A primeira parada do dia foi uma das lojas da rede Jack’s, dica anotada desse post do maosdevaca.com.


Jack’s da 32nd St. Não fui nos outros, mas acho que deve ser o maior deles.

O Jack’s nada mais é do que um R$ 1,99 aqui do Brasil maior e pouca coisa mais organizado. A grande diferença está mesmo na qualidade das mercadorias que é possível encontrar lá dentro e no preço em comparação com o resto das lojas da ilha. Há desde material de limpeza e escolar até barras de chocolate suíço sendo vendidas a preço de banana. Seja esperto e dê uma pesquisada nessa loja antes de sair gastando os tubos Manhattan afora. Como o meu relógio havia quebrado, aproveitei para comprar um Casio ali por US$ 9,99. Está funcionando até hoje, a propósito.

Madison Square Garden
Saindo do Jack’s, segui pela 32nd St até o Madison Square Garden, ou simplesmente The Garden, como eles chamam por lá.

Entrada do MSG. À direita, a entrada da Penn Station.

Entrada do MSG. À direita, a entrada da Penn Station.

Cansei de ouvir sobre esse ginásio na época em que acompanhava com mais afinco os jogos da NBA no início da década de 90, época em que Barkley, Jordan, Magic Johnson, Pat Ewing e cia. me faziam ligar a TV para assistir a um jogo de basquete. De lá pra cá a NBA perdeu, para mim, um pouco do brilho de outrora, e acabei deixando-a de lado. Mesmo assim, uma visita ao estádio do New York Knicks era uma obrigação nessa viagem.

Hall de entrada. Acima, o anúncio do show do Cirque du Soleil.

Hall de entrada. Acima, o anúncio do show do Cirque du Soleil.

Painel de fotos com as atrações que o MSG já abrigou. Jogos de basquete, hockey, lutas de boxe, luta-livre, shows de música. Faz-se de tudo lá dentro.

Painel de fotos com as atrações que o MSG já abrigou. Jogos de basquete, hockey, lutas de boxe, luta-livre, shows de música. Faz-se de tudo lá dentro.

No dia em que visitei o estádio, haveria um jogo do Knicks à noite, então as visitas monitoradas ao interior do estádio estavam limitadas a somente um pedaço do tour normalmente feito, que custa US$ 18,00. Achei muito caído entrar no estádio sem ver jogo algum e fui embora.

Detalhe do azulejo da escadaria de acesso à bilheteria, com mensagens dos torcedores dos Knicks (basquete) e Rangers (hockey). Não perguntei, mas desconfio que o direito de escrever mensagens em cada azulejo desses deva custar uma pequena fortuna.

Detalhe do azulejo da escadaria de acesso à bilheteria, com mensagens dos torcedores dos Knicks (basquete) e Rangers (hockey). Não perguntei, mas desconfio que o direito de escrever mensagens em cada azulejo desses deva custar uma pequena fortuna.

United States Post Office e os policiais
Saindo do MSG, dei a volta até a parte de trás do estádio e encontrei o prédio dos Correios Norte-Americano na 8th Ave, um dos que mais gostei de tirar fotos.


Não sabia que o prédio passou por uma reforma, acabei descobrindo isso agora. Gire a imagem para a esquerda e você vai ver a Penn Station com o MSG ao fundo

O prédio (gigante) dos Correios.

O prédio (gigante) dos Correios.

A escadaria e os turistas descansando.

A escadaria e os turistas descansando.

Todo mundo que já viu essa foto acima diz que parece saída de algum filme de tribunal de Hollywood, estilo Questão de Honra. Você também tem essa impressão?

Depois de algum tempo tirando fotos do prédio, estava quase saindo do local quando vi, saindo do MSG e atravessando a rua, centenas de policiais fardados.

Gambés chegando. WTF?

Gambés chegando. WTF?

E não paravam de chegar. Aos montes. Pouco tempo depois a escadaria do prédio estava abarrotada de policiais fazendo festa, falando ao celular chamando as pessoas para o local e tirando fotos. Aproveitei a oportunidade para tirar as minhas também.

Digam cheese.

Digam cheese.

Vi no noticiário da CNN depois que havia ocorrido naquela manhã uma formatura do departamento de polícia de New York (a famosa NYPD) no MSG. Por isso a farda e as fotos na escadaria do prédio.

A escadaria já completamente abarrotada de policiais.

A escadaria já completamente abarrotada de policiais.

B&H Superstore
Saí do meio dos policiais e fui até a 9th Ave, onde encontrei a B&H Superstore. Ouvi falar muito bem dessa loja e guardei um pedaço do dia para pesquisar preços e conhecer o lugar. O objetivo era procurar um MP3 Player e um case para o netbook que havia comprado na Amazon.


Fachada da B&H na 9th Ave. Indo à direita você encontra a parte de trás do prédio dos Correios.

Resumindo bem, a B&H é para os geeks o que a Forbidden Planet é para os nerds. Quem curte equipamentos eletrônicos de todos os tipos (fotográfico, de som ou de vídeo) vai encontrar aqui tudo o que quer e com bom preços. A loja é enorme, e na ocasião estava bem cheia, mas é a mais organizada que já vi na minha vida. Há vendedores aos montes (99% judeus) e todos com que conversei, pelo menos, souberam me atender muito bem. Nenhum deles tentou me empurrar mercadoria alguma, só tirou dúvidas (muito bem, diga-se de passagem) sobre aquilo que eu perguntei, o que já é um avanço.

A atração da loja, no entanto, são os elevadores e esteiras que correm pelos balcões de atendimento e o teto do térreo, levando as mercadorias pelas seções da loja. O processo é mais ou menos o seguinte: depois que você escolhe o que quer comprar, o vendedor imprime e lhe entrega uma página com a descrição do produto. Você leva essa página ao balcão mais próximo e o atendente solicita o produto ao estoque via computador. Em questão de poucos segundos a esteira embaixo do balcão traz uma caixa de papelão com o produto que você escolheu. O atendente mostra a mercadoria, pergunta se está tudo ok com o pedido, devolve a peça na esteira (que a leva para o setor de pacotes) e imprime um ticket. Cada seção tem seu balcão específico e o processo se repete até que você tenha todos os tickets do que quer comprar em mãos. Depois de pagar todos eles no caixa, você passa com o comprovante no setor de pacotes e pega tudo o que comprou de uma vez.

É mais fácil entender tudo isso vendo o vídeo institucional da loja.

Em última análise, é um esquema industrial de produção em série (com as esteiras, inclusive). A diferença é que na indústria os operários produzem a mercadoria em si, pedaço por pedaço. Na B&H as mercadorias já estão prontas, não há o que produzir a não ser mais-valia.

Burger King, Biblioteca Pública e Port Authority Terminal
Saí da B&H feliz com meu case, MP3 Player e com fome. Havia várias opções de fast food por perto (Arby’s, Wendy’s, McDonald’s), acabei escolhendo o Burger King por ser o mais vazio. Nessa lanchonete percebi que ainda preciso estudar um pouco mais de inglês para conseguir compreender o que a atendente latina dizia. Demorei meia-hora até conseguir entender que ela queria saber se eu gostaria de levar só um Whooper ou o menu completo. Também foi nesse Burger King que recebi o lanche no fatídico saco que serviu de inspiração para o nome desse blog.

Algumas centenas de calorias depois, minha intenção era de, no caminho para a Biblioteca Pública, subir o Empire State, mas desisti assim que dei de cara com o tamanho da fila, que dava a volta no quarteirão do edifício. Quanto mais o fim do ano chegava, mais inchada de turistas a cidade ficava. Se eu tivesse passado por ali logo que cheguei em NY talvez tivesse pegado uma fila menor. Como deixei para o fim da viagem, optei por deixar essa visita para uma próxima vez.

Fachada da Biblioteca Pública.

Fachada da Biblioteca Pública.

O certo, como bom pesquisador, teria sido passar boa parte do dia (quiçá da viagem toda) usufruindo do direito de consultar o acervo dessa biblioteca. Mas o lado turista falou mais alto, acabei ficando bem menos tempo do que deveria ali.

Interior da biblioteca. Chão, paredes, escadas, tudo de mármore.

Interior da biblioteca. Chão, paredes, escadas, tudo de mármore.

Pelo menos tive a oportunidade de visitar uma exposição sobre a comunidade artística norte-americana Yaddo, fundada no início do século XX e sobre a qual nunca ouvi falar.

A hora de encontrar a P. na rodoviária estava chegando, então juntei minhas coisas e fui até a Port Authority novamente esperá-la por lá.

Alguns dos cartazes espalhados pelo terminal:

Fique alerta. Esteja atento. Fale. Não hesite em informar sobre atividades suspeitas.

Fique alerta. Esteja atento. Fale. Não hesite em informar sobre atividades suspeitas.

Não se afaste. Não deixe suas coisas sozinhas. E se vir qualquer coisa abandonada, informe.

Não se afaste. Não deixe suas coisas sozinhas. E se vir qualquer coisa abandonada, informe.

B&H de novo
Assim que a P. chegou com meu netbook recém-entregue pela Amazon, descobri que eles enviaram de brinde um case, tornando automaticamente inútil aquele que eu havia comprado pela manhã na B&H. Voltamos e resolvemos colocar à prova o sistema de troca/devolução de mercadorias nas lojas sobre o qual tanto havia ouvido falar. O cidadão norte-americano tem ao seu lado uma lei que obriga as lojas a devolver o dinheiro ao consumidor insatisfeito ou trocar a mercadoria por uma outra dentro de um determinado espaço de tempo. É o “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta” levado ao pé da letra. A cama inflável na qual durmimos em Jersey City (comprada pelos nossos anfitriões exclusivamente para o período em que estivéssemos por lá) também seria devolvida nesse esquema.

Na B&H há uma porta na calçada exclusiva para esse tipo de transação. E não éramos os únicos na hora a realizar a troca. O atendente pegou o case, perguntou o motivo da troca e nos deu a opção de devolver o valor em dinheiro ou em créditos para gastar na loja. Como a P. precisava de um mouse sem fio, pegamos um ticket com os créditos e usamos para fazer mais uma compra na loja. Tudo rápido e sem maiores problemas. Quem dera fosse assim no Brasil.

Times Square, Hershey’s Store e M&M’s World
Saindo da B&H, aproveitamos o tempo que restava para uma última passada na Times Square. O ano-novo seria só no dia seguinte, mas aquilo já estava apinhado de gente, carros, máquinas de som e barreiras da polícia.

O circo armado para o dia seguinte.

O circo armado para o dia seguinte.

Quem me conhece sabe do meu apreço pelas muvucas. Infelizmente foi preciso passar por esse pequeno desconforto para tentar chegar às lojas da Hershey’s e da M&M’s.


Hershey’s Store – perto da M&M’s World, parece uma bomboniere

Entramos em estilo rugby pela loja só o suficiente para que eu me decepcionasse com o tamanho diminuto daquilo. Saímos com algum esforço, atravessamos a rua e vimos uma loja de chocolates de verdade.


Também lotada na ocasião, mas bem mais transitável que a da Hershey’s

Não sou chocólatra, mas mesmo assim babei nos chocolates da loja, que vende também todo e qualquer tipo de souvenir relacionado aos M&M’s.

Foto tirada do site do escritório de arquitetura responsável pelo desenho da loja.

Uma parede de M&M's?

Uma parede de M&Ms?

Saturday Night Fever

Saturday Night Fever

Na saída, finalmente conseguimos comprar o pretzel que a P. queria há dois dias.

Também achei um exagero.

Também achei um exagero.

It’s a Wiiiii!

Quase trouxe um Wii. Não trouxe porque preciso comer, estudar, trabalhar. Viver, enfim.

Dica da C.

Décimo-segundo dia – 29/12

Esqueceram de mim
A princípio, a host mother da P. havia dado as duas semanas da minha viagem de folga para ela, mas a minha namorada/au pair acabou tendo que trabalhar naquela segunda-feira e metade da terça-feira pré-reveillón (esse hífen ainda existe?). Ela não ficou nem um pouco contente com isso, mas patrão é patrão em qualquer lugar.

Com isso, ganhei um dia e meio para me virar por Manhattan sem a P.. Ir a NY com uma guia, aliás, foi um luxo que pouca gente tem. Ela já havia visitado vários dos lugares que visitamos até aquele dia, o que nos poupou tempo na hora de andar pela ilha. Mais do que isso, a P. sabia como funcionavam os metrôs e os ônibus de NY – chegar em um local desconhecido e ter alguém para lhe ensinar quais linhas do metrô são expressas ou em qual portão esperar a linha certa de ônibus intermunicipal são as vantagens que tive nessa viagem e pelas quais serei eternamente grato.

Por conta das circustâncias, portanto, arrumei minha mochila e peguei o ônibus sozinho de Orangeburg em direção à rodoviária de Port Authority. Queria aproveitar o tempo bom para finalmente conhecer o Central Park.


Port Authority Bus Terminal, via Street view do Google Maps. Repare na estrutura metálica. É nessa gaiola que ficam os portões onde você espera os ônibus. A propósito, se você nunca viu essa ferramenta do Google, aproveite para passear com o mouse pela 8th Ave. Basta clicar nas setas que surgirem no meio da imagem. Mude o ângulo de visão pela setas. Se quiser, clique no “view larger map” acima e aproveite. Have fun!

Columbus Circle
Subi a 8th Ave. a pé até chegar à Columbus Circle, monumento criado no início do século XX em homenagem ao homem que pôs um ovo em pé.


As fotos a seguir foram tiradas da praça à direita nessa imagem. Deu para perceber que eu gostei dessa brincadeira com o Street View? Pretendo usar mais daqui pra frente, deveria ter usado nos posts anteriores também.

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Uma moça, uma mala e o Time Warner Center ao fundo.

Uma moça, uma mala e o Time Warner Center ao fundo.

Dá para ver as estrelas da decoração de Natal dentro do Time Warner Center? São as mesmas do vídeo que postei no sexto dia.

8th Ave vista da Columbus Circle. Uma das fotos que eu mais gostei. Pra ficar com mais cara de NY, só faltou a fumaça saindo de algum bueiro.

8th Ave vista da Columbus Circle. Uma das fotos que eu mais gostei. Pra ficar com mais cara de NY, só faltou a fumaça saindo de algum bueiro.

Central Park
Atravessei a rua e comecei a visita pelo Central Park. O que mais impressiona, novamente, é o tamanho do dito cujo. Andei por cerca de três horas tirando fotos e não cheguei a conhecei sequer 1/5 dele. E, pela última vez, o Central Park não é tão grande quanto o Parque Ibirapuera em São Paulo. O parque novaiorquino é muito maior do que o nosso parque com nome indígena. Dez vezes, para ser mais exato (o Ibirapuera tem 1.584 km2; o Central Park, 11.2 km2). Perto do Central Park, o Ibirapuera parece um playground de condomínio tamanha a variedade de espaços, monumentos, lagos, etc.

Área coberta por pedras que serve como um mirante. Pode-se ver uma pequena parte do parque daí. O resto só batendo muita perna.

Área coberta por pedras que serve como um mirante. Pode-se ver uma pequena parte do parque daí. O resto só batendo muita perna.

Não dá para calcular a quantidade média de visitantes no Central Park pela única visita que fiz no fim do ano (muito frio e turistas aos montes pelo parque), mas eu imagino que o novaiorquino padrão deve (ou deveria, pelo menos) aproveitar muito bem esse espaço verde no meio da ilha. O acesso é muito fácil (há estações de metrô ao redor de todo o parque), no geral é bem conservado e, como ele é gigante, imagino que, mesmo que haja uma circulação absurda de pessoas nos fins de semana (no verão, por exemplo), a muvuca se disperse pelas várias opções de espaços diferentes disponíveis.

Tenho a impressão de ter visto essa ponte em algum filme - sentimento recorrente em cada lugar que você passa pelo parque.

Tenho a impressão de ter visto essa ponte em algum filme - sentimento recorrente em cada lugar que você passa pelo parque.

Uma foto PB, para variar.

Uma foto PB, para variar.

Mais um turista perdido. É muito fácil esbarrar em gente manuseando mapas por Manhattan inteira.

Mais um turista perdido. É muito fácil esbarrar em gente manuseando mapas por Manhattan inteira.

Uma das muitas fontes secas que se encontra por Manhattan no inverno.

Uma das muitas fontes secas que se encontra por Manhattan no inverno.

Essa praça eu tenho certeza que vi no Esqueceram de Mim 2.

Essa praça eu tenho certeza que vi no Esqueceram de Mim 2.

O mais perto que cheguei de um show de jazz em NY. Infelizmente.

O mais perto que cheguei de um show de jazz em NY. Infelizmente.

Strawberry Fields
Dica do dia (1): O acesso mais fácil ao memorial em homenagem à John Lennon é pela Central Park West, na altura da 72nd St. Se você quer ir direto até lá, não faça o caminho pelo parque. É muito mais longo.

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O mosaico foi doado pela cidade de Nápoles, mas a grana para montar essa área do Central Park foi doada pela Yoko Ono. 1 milhão de doletas. Haja disco dos Beatles pra pagar essa obra.

O mosaico foi doado pela cidade de Nápoles, mas a grana para montar essa área do Central Park foi doada pela Yoko Ono. 1 milhão de doletas. Haja disco dos Beatles pra pagar essa obra.

Tavern on the Green. Ou não.
A fome começou a apertar. Saí do Strawberry Fields e desci até o Tavern on the Green, um restaurante dentro do parque.

Há ruas que cruzam o parque. Não sei se o acesso é limitado a carros de bombeiros, bicicletas e táxis. O fato é que não me lembro de veículos de passeio rodando lá dentro. Pode ser só minha memória mesmo.

Há ruas que cruzam o parque. Não sei se o acesso é limitado a carros de bombeiros, bicicletas e táxis. O fato é que não me lembro de veículos de passeio rodando lá dentro. Pode ser só minha memória mesmo.

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Dizem que a comida é ótima e que vale a pena uma visita. Mas já comecei a me sentir deslocado logo na entrada. Limosines estacionadas do lado de fora, senhoras vestidas com garbo e elegância na fila de espera. E eu, todo maltrapilho, mochilão nas costas, o tênis sujo de barro (dica do dia (2): evite pisar, durante o inverno, em qualquer área coberta por grama, pois a chance de você afundar o pé inteiro na lama é grande).

Cheguei até o hall de espera e olhei os preços no cardápio disponível, provavelmente, para incautos como eu. Imediatamente dei meia volta e fui (adivinhem) tomar uma sopa de US$ 4.29 no Whole Foods do Time Center de novo, deixando um rastro de barro pelo caminho.

Não é lugar para mim. Definitivamente.

Não é lugar para mim. Definitivamente.

O YouTube dá uma mãozinha a quem ficou com vontade de saber como é lá dentro.

O que me consola é que eu não era o único a recorrer à sopa do Whole Foods. O lugar estava apinhado de turistas e executivos em busca de uma opção um pouco mais em conta para o almoço. Dica do dia (3): o Time Center, além da sopa no Whole Foods, também tem um banheiro limpo e espaçoso. Na hora do aperto, vale a pena correr até lá.

The Plaza
Lembram-se do hotel onde Kevin McAlister se hospeda em Esqueceram de Mim 2?

Aí está, The Plaza:

Só de fora. Magina se me deixariam entrar com o pé cheio de barro.

Só de fora. Magina se me deixariam entrar com o pé cheio de barro.

Ouvi dizer que houve um tempo, lá por meados da década de 80, em que NY não era esse glamour todo que se vê hoje em dia. Era uma época em que a Times Square era dominada por prostitutas e cafetões, cheia de lugares suspeitos. Nessa época também era possível pagar uma diária no The Plaza sem se afundar em dívidas. O atendimento não era lá essas coisas, mas o hotel é do lado do Central Park, valia a pena.

Bons tempos que não voltam mais.

O hotel, visto da esquina da 5th Ave.

O hotel, visto da esquina da 5th Ave.

Carroças. Há várias delas passeando ao redor e dentro do parque. Se a P. estivesse comigo, talvez valesse a pena pagar uma pequena fortuna pro sujeito levar a gente pelo parque inteiro, mas sozinho, que graça tem?

Carroças. Há várias delas passeando ao redor e dentro do parque. Se a P. estivesse comigo, talvez valesse a pena pagar uma pequena fortuna pro sujeito levar a gente pelo parque inteiro, mas sozinho, que graça tem?

Peguei o metrô para Downtown e, no caminho para a Strand, passei procurando novamente pela placa da Joey Ramone Place no cruzamento da East 2nd St com a Bowery St. Nada.

Só para deixar registrado que passei por lá. Esse é um dos postes com placas, olhei todos eles. FAIL.

Só para deixar registrado que passei por lá. Esse é um dos postes com placas, olhei todos eles. FAIL.

Sou brasileiro e não desisto nunca. Também voltei à Saint Mark’s Place para ver se achava a lojinha do CBGB, como nessa foto do Google Street View:

Mesmo local, minha versão:

Red Mango?!

Red Mango?!

Só me restou ir até a Strand Book Store e passar o resto da tarde lá dentro, procurando livros para a minha pesquisa.

Essa é só uma parte do térreo. Tem ainda o subsolo e mais dois andares acima.

Essa é só uma parte do térreo. Tem ainda o subsolo e mais dois andares acima.

Na entrada você consegue um mapa da loja, o que facilita um pouco a visita. O estabelecimento é quase centenário e o acervo é imenso. A sensação de desordem logo some quando você sabe o que quer e encontra a prateleira correspondente. Então, como em qualquer compra, não entre na loja a esmo, senão você passa o dia inteiro lá. Sério.

As prateleiras são altas, mas há escadas disponíveis para quem quiser alcançar as prateleiras superiores. Do lado de fora da loja eles colocam os livros em promoção em carrinhos. Se você tiver paciência, talvez encontre algumas pechinchas por lá.

Para quem gosta de ler, essa livraria é um paraíso na Terra. É muito mais fácil encontrar as coisas aqui do que nos sebos do centro de São Paulo, os preços são convidativos e o atendimento é muito bom. Não comprei mais livros porque comecei a temer pelo peso da minha mala na volta, então pratiquei o desapego e precisei escolher entre aqueles que me interessaram.

Além de tudo isso, acabei de descobrir que a loja também tem uma certa preocupação social.

Michael Moore vem aí de novo…

Em carta aberta em seu site, o diretor de Slacker Uprising diz o seguinte:

Wednesday, February 11th, 2009
Will You Help Me With My Next Film? …a request from Michael Moore

Friends,

I am in the middle of shooting my next movie and I am looking for a few brave people who work on Wall Street or in the financial industry to come forward and share with me what they know. Based on those who have already contacted me, I believe there are a number of you who know “the real deal” about the abuses that have been happening. You have information that the American people need to hear. I am humbly asking you for a moment of courage, to be a hero and help me expose the biggest swindle in American history.

All correspondence with me will be kept confidential. Your identity will be protected and you will decide to what extent you wish to participate in telling the greatest crime story ever told.

The important thing here is for you to step up as an American and do your duty of shedding some light on this financial collapse. A few good people have already come forward, which leads me to believe there are many more of you out there who know what’s going on. Here’s your chance to let your fellow citizens in on the truth.

If you have any info that would help, please contact me at my private email address: bailout@michaelmoore.com.

For the rest of you on my email list who don’t work in the financial industry, you’re probably wondering, “What the heck is this all about? I thought he said he was making a romantic comedy!”

Well, I just can’t say much right now. I’m sure you can understand why. One thing I can tell you is that you’re gonna like this movie when I’m done with it. Oh, yeah…

So, again, if you work for a bank, a brokerage firm or an insurance company — or if you have seen things or heard things that you believe the American people have a right to know — please contact me at bailout@michaelmoore.com.

Thank you in advance for your help!

Yours,
Michael Moore
bailout@michaelmoore.com
MichaelMoore.com

Não conheço nenhum operador da Bolsa de NY para indicar ao diretor, mas se ele conseguir reunir histórias cabeludas como as dos filmes anteriores, vem coisa boa por aí.

Décimo-primeiro dia – 28/12

Subindo a Broadway
Depois de mais um dia no museu, resolvemos que era hora de tentar um programa outdoors e encarar Downtown Manhattan a pé. O plano era chegar cedo à ilha e ir subindo a Broadway – que é uma avenida gigante, ao contrário do que eu imaginava – até onde as pernas aguentassem.

Uma coisa que esqueci de mencionar foi quanto aos nossos guias e mapas que usamos durante a viagem. Dica do dia: A primeira coisa que fiz quando descobri que meu visto havia sido aprovado foi passar numa livraria e comprar um guia de NY. Haviam me indicado duas marcas de guias internacionais: Rough Guides e Lonely Planet. Acabei optando pela última, mais especificamente o Encounter, a edição de bolso. Escolhi o Encounter porque, além de ser menor do que a versão completa do guia (economizando peso e espaço na mochila), também era a opção mais barata. O guia completo tem toneladas de informações sobre a cidade, talvez valha a pena para quem for fazer alguma viagem mais longa do que a minha. No meu caso, o Encounter foi mais do que o suficiente. Ele é bem organizado e bem escrito, o que facilita a consulta.

Entretanto, o mais legal de ambos os guias, na minha opinião, é o mapa destacável que cada um contém. Isso lhe permite organizar visualmente cada dia. Li o guia inteiro, escolhi alguns lugares mais intressantes e rabisquei o meu mapa, marcando os locais que eu mais gostaria de visitar – tudo antes mesmo de sair do Brasil. Já em NY, deixei o guia no quarto e carreguei o mapa no bolso todos os dias. Fora a dificuldade de abrir o mapa de luvas, até que nos viramos muito bem assim. Teria sido muito mais maneiro se tivéssemos um celular com conexão 3G e acesso ao Google Maps, mas isso ainda não foi possível.

Wall Street
Nosso ponto de partida foi Financial District, um pedaço de Downtown Manhattan que concentra a maior circulação de dinheiro por polegada quadrada do mundo. Felizmente fizemos o passeio num domingo, então não havia executivos engravatados ou operadores da bolsa de valores piorando a muvuca já formada por turistas nas ruas.

Bolsa de Valores de NY. Foi aqui, exatamente aqui, que comecei a perder dinheiro ano passado. Lugarzinho maldito.

Foi aqui, exatamente aqui, que comecei a perder dinheiro ano passado. Lugarzinho maldito.

Charging Bull, ou o touro de bronze de Wall Street. Reza a lenda entre os operadores da Bolsa de NY que bater com a pasta no nariz do touro antes do expediente traz sorte (ou dinheiro, no caso). A Wikipedia me diz que o dito cujo foi esculpido por um italiano maluco chamado Arturo Di Modica, que gastou US$ 360,000.00 para criar essa homenagem à força e poder do povo Norte-Americano, logo após a crise (outra?) de 1987. Se o que dizem é verdade e as crises anteriores foram, de fato, pinto perto da que vivemos ano passado, tenho medo de imaginar o que vão esculpir dessa vez.

Charging Bull, ou o touro de bronze de Wall Street. Reza a lenda entre os operadores da Bolsa de NY que bater com a pasta no nariz do touro antes do expediente traz sorte (dinheiro, no caso). A Wikipedia me ensina que o dito cujo foi esculpido por um italiano maluco chamado Arturo Di Modica, que gastou US$ 360,000.00 para criar essa homenagem à força e poder do povo Norte-Americano, logo após a crise financeira de 1987. Se o que dizem é verdade e as crises anteriores foram, de fato, pinto perto da que vivemos ano passado, tenho medo de imaginar o que vão esculpir dessa vez.

Mais uma tentativa frustrada de tentar pegar o touro inteiro, sem nenhum turista para atrapalhar. FAIL.

Mais uma tentativa frustrada de tentar pegar o touro inteiro, sem nenhum turista para atrapalhar. FAIL.

Reza outra lenda que quem segura as bolas do touro terá fortuna e felicidade para todo o sempre. Optei pela infelicidade eterna.

Reza outra lenda que quem segura as bolas do touro terá fortuna e felicidade para todo o sempre. Optei pela infelicidade eterna.

Reparem na foto acima ao lado direito, um ônibus de dois andares azul com os dizeres “City Sights NY“. Trata-se de uma das opções de city tours da cidade. Há vendedores desses tours por Manhattan inteira, querendo lhe empurrar um bilhete de qualquer maneira. Há opções a partir de US$ 40.00 que lhe permitem descer e subir dos ônibus durante o dia inteiro. Esse busão da foto ainda é coberto, mas alguns deles não tinham qualquer proteção contra o frio. Eu preferi andar.

Um cubo gigante na Broadway com a Liberty Street.

Um cubo gigante na Broadway com a Liberty Street.

Eu desconfio que esse monumento vermelho é em homenagem ao às vitimas do 11 de setembro, mas fiquei com preguiça de atravessar a rua e conferir. O que mais interessa na foto é a P., no canto inferior esquerdo, seca para comer um pretzel e descobrindo que a barraquinha não tinha nenhum para vender.

Eu desconfio que esse monumento vermelho é em homenagem ao às vítimas do 11 de setembro, mas fiquei com preguiça de atravessar a rua e conferir. O que mais interessa na foto é a P., no canto inferior esquerdo, seca para comer um pretzel e descobrindo que a barraquinha não tinha nenhum para vender.

Chinatown
Continuamos nosso percurso pela Broadway e demos uma passada em Chinatown para almoçar. Mais uma dica: se você quer comer em Manhattan sem precisar gastar os tubos, Chinatown é o lugar. Mas atenção: barato não siginifica necessariamente bom e, muito menos, limpo. O que não falta nesse pedaço da ilha são lugares suspeitos. Becos apertados, cheiros estranhos. Não, Chinatown nada tem a ver com a Liberdade aqui em São Paulo. O bairro chinês novaiorquino é dezenas de vezes maior, mais muvucado e mais feio do que o bairro japonês paulistano. Mas o preço da comida é proporcionalmente mais baixo, o que acaba compensando a visita.

Seguindo as dicas desse top ten de comida boa e barata em NY, fomos primeiro ao Nha Trang, de comida vietnamita. Olhamos de fora, P. fez sua cara típica de desconfiança e resolvemos buscar outro lugar. Fomos ao Nyonya, de comida malasiana, e dessa vez a cara dela foi um pouco melhor, então resolvemos arriscar.

O Nyonya foi uma das gratas surpresas gastronômicas dessa viagem. É um dos poucos restaurantes que eu voltaria numa próxima visita a Manhattan. O atendimento é bom (os garçons são orientais, mas falam um inglês compreensível), o cardápio é variadíssimo e a comida, além de muito barata, é excelente. E eles ainda são gentis o suficiente para indicar com um asterisco no menu quais pratos são apimentados de verdade. Fica por sua própria conta e risco. Nós dois pedimos opções sem asterisco e a comida já era um pouco apimentada, mas sem exagero.

P. feliz com seu miojo incrementado.

P. feliz com seu miojo incrementado.

Salvo engano, gastamos no total uns US$ 20.00. Saiu o dobro do Early Bird Special, mas não dá para comparar a qualidade da comida.

Na saída do Nyonya, passamos por Little Italy, que é uma pena ter sido espremida por Chinatown e se limitar a poucos quarteirões nesse pedaço da cidade. As poucas cantinas que sobraram são super bonitas e merecem uma visita numa próxima oportunidade.

Joey Ramone Place e CBGB. Ou não.
Esse dia também vai ficar marcado por ser um dos mais frustrantes de toda a viagem. Era a oportunidade de, finalmente, conferir in loco uma homenagem a um dos grandes ídolos da minha adolescência. A informação que eu tinha era de que a placa da Joey Ramone Place ficava na East 2nd Street. Subimos a Broadway até lá e andamos a bendita rua inteira, mas nada de placa. Voltei pela mesma rua olhando todos os postes novamente e nada. A P., que nunca ouviu Ramones na vida e nunca tinha ouvido falar de Joey Ramone nenhum, me acompanhou bravamente pela peregrinação e me consolou quando também não consegui achar o CBGB, o qual, segundo minhas pesquisas, ficaria ali perto, na Saint Mark’s Place, mas só achei uma loja de roupas normais demais para ser o lendário clube punk.

Forbidden Planet, paraíso nerd
Depois de uma pausa num Starbucks, continuamos subindo pela Broadway e encontramos a Strand Bookstore, uma livraria/sebo de quatro andares com milhares de títulos. Olhei só de fora e deixei a visita para outro dia, com mais tempo, porque um quarteirão acima estava a Forbidden Planet, a maior loja de produtos nerds que já visitei. Tem de tudo: action figures, mangás, fantasias, camisetas, filmes, pins, HQs, posters, fotos, etc., etc., etc.

Quem for à Forbidden Planet e quiser trazer um presente para mim, pode ser esse busto do Homem de Ferro. US$ 600.00. Uma pechincha.

Quem for à Forbidden Planet e quiser trazer um presente para mim, pode ser esse busto do Homem de Ferro. US$ 600.00. Uma pechincha.

Nerd que é nerd sai de casa até no frio e de muleta pra fazer compras.

Nerd que é nerd sai de casa até no frio e de muleta pra fazer compras.

Camisetas, camisetas, camisetas.

Camisetas, camisetas, camisetas.

Uma action figure mais legal que a outra

Uma action figure mais legal que a outra

Deixar a Forbidden Planet sem ter torrado todo o meu rico dinheirinho lá foi uma das maiores provas de autocontrole que já encarei. Muitos teriam sucumbido.

E esse avião que caiu no Rio Hudson? – II

taxbank

Via Comedy Central’s Indecision Blog.

Virgin fechando a barraquinha também

E a Megastore da Virgin na Times Square também já está indo para o saco.

Eu proponho um bolão: qual o próximo painel a se apagar? Eu chuto no da Hershey’s. Aquela lojinha mixuruca não é nada perto do que é a da M&M’s ali perto.

Décimo dia – 27/12

Antes do passeio, mais uma compra.
Apesar da farra consumista do dia anterior, não pude adquirir um dos itens da minha lista de compras no Best Buy – um netbook, justamente um dos itens mais caros, já que lá não havia o modelo que eu queria. Encontramos na Amazon, mas o problema era que faltava somente uma semana para a viagem terminar e eu não queria deixar mais peso para a P. carregar no retorno dela ao Brasil, fora a nossa preocupação com a passagem dela pela alfândega.

A solução foi fazer a encomenda na Amazon na opção de entrega ultra-mega-rápida, pagando uma pequena fortuna pelo frete. A promessa era entrega até dia 29/12 caso a compra fosse realizada até as 10h do dia 27/12. A fim de evitar mais dor de cabeça com o maldito câmbio – que me assombrou desde que essa crise dos infernos começou -, resolvemos que o melhor, ao invés de usar o meu cartão de crédito, seria fazer a compra no cartão de débito da P.. O problema é que na ocasião não havia saldo suficiente.

Havia, portanto, uma corrida contra o tempo. Precisávamos sair cedo de casa no sábado, passar no banco (aberto e funcionando, por sinal, bancos americanos funcionam normalmente aos sábados), depositar o dinheiro, voltar para casa, fazer a compra na Amazon e só depois pegar o ônibus para Manhattan. Tudo a pé, numa caminhada que, juntando ida e volta, somava uns 40 minutos. Num frio de -5ºC e a calçada coberta de neve e/ou gelo.

No fim, tudo deu certo, mas perdemos boa parte da manhã nessa correria. Conseguimos pegar o ônibus e, chegando em Mahattan, encontrei um velho conhecido dos paulistanos. O famigerado engarrafamento.

Traffic Jam, para os intimos

Traffic Jam, para os íntimos

Algumas considerações sobre o trânsito em NY:

1. A relação dos novaiorquinos com o trânsito não é muito diferente daquela que os paulistanos mantém com o tráfego diário. As pessoas ligam o rádio para ouvir o noticiário, as mulheres passam maquiagem, a maioria aproveita para usar o celular. A maior diferença é o conforto. Está um frio do cão lá fora, mas dentro do carro a maioria tem à disposição um bom ar-condicionado aquecedor (a P. me disse que ar-condicionado só serve para esfriar o ar, seria aquecedor nesse caso. Eu achava que ar-condicionado servia para condicionar o ar, ou seja, regulá-lo, controlá-lo ao seu bel prazer, esfriando ou aquecendo o ambiente. Opiniões nos comentários, por favor). Alguns modelos tem até butt warmers nos assentos. Isso mesmo. Aquecedores de bunda. Talvez sejam eles que façam com que as buzinas não sejam tão constantes.

2. Andei algumas vezes de ônibus intermunicipal nas nossas idas e vindas de Orangeburg a Manhattan, peguei tráfego pesado de verdade em poucas dessas viagens. Mas nenhum deles se comparou ao que se enfrenta numa Marginal Tietê às 8h00, por exemplo. Posso ter tido sorte. Exceção feita, claro, à Times Square perto do dia ano-novo. Andar de carro por lá é quase como tentar o mesmo pela 25 de março aos sábados.

3. Não há vendedores ambulantes no meio do trânsito. Não há malabaristas/equilibristas/engolidores de fogo/limpadores de vidro nos faróis. Ninguém coloca saco de plástico com balas e chicletes no seu retrovisor.

4. Não há motoboys, mas sim (poucos) motociclistas, o que é bem diferente. Mesmo no trânsito mais intenso não se ouve aquela buzina de moto o tempo todo. E as motos que surgem no trânsito são todas de grande porte. Nada de CG 125. A ausência de motoboys numa cidade tão grande fez-me perguntar como diabos circulam as encomendas, as pizzas, o sedex, enfim, o dinheiro em NY.

5. Não sei exatamente qual a relação pessoas/carros da cidade, mas a impressão que eu tive é de que há bem menos carros nas ruas de Manhattan do que em São Paulo, muito provavelmente porque o transporte público funciona de fato. A organização das ruas também deve facilitar um pouco a vida do motorista.

6. Táxis. Há milhões deles. Não peguei nenhum yellow cab, mas não foi por falta de oportunidade.

7. Motoristas: ao contrário de São Paulo, os motoristas de ônibus são dos mais pacíficos. Andam numa velocidade honesta e, mesmo em engarrafamentos, não fazem fila dupla. Não ficam, portanto, fechando seus colegas de trabalho para poder pegar ou deixar passageiros no ponto, como é comum na Av. Paulista. Aliás, uma coisa muito bacana dos ônibus de Manhattan é que eles têm um sistema que abaixa a carroceria até que ela fique quase na altura da calçada, facilitando muito o embarque (são os chamados kneeling buses). Os motoristas de táxi, no entanto, são tão escrotos quanto os daqui. Param na esquina, xingam, fecham cruzamentos sem a menor cerimônia.

8. Bicicletas: há algumas. Não tantas quanto eu esperava, provavelmente por causa do frio. Mas são razoavelmente respeitadas.

9. Pedestres: são muitos. Havia muitos turistas no meio, então não dá para ter muita noção do comportamento do pedestre novaiorquino médio. Pelo menos no metrô e nos trens as pessoas esperam você sair do vagão para depois entrarem. Não deveria, mas fiquei impressionado.

Dallas BBQ. De novo.
Chegamos em Manhattan já perto da hora do almoço, então aproveitamos que a Port Authority Terminal fica na 42nd Street e fomos almoçar novamente no Dallas BBQ. Dessa vez para provar o tal do Early Bird Special. Lembram-se?

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Imperdível a oferta. Pedimos então o tal do “Early Bird Special”. Salvo engano, o nome do prato é derivado de uma expressão em inglês que diz “the early bird catches the worm”. Algo como o “Deus ajuda quem cedo madruga” do brasileiro. Na prática, significa que a promoção só não é válida para a janta, pois os horários para o almoço são bem esticados, como é possível ver pelo recorte do menu.

Li no menu “2 rotisseried half chickens” e não levei a sério como deveria. Achei que fossem franguinhos pequenos. Cortados pela metade ainda, deve vir um naco de sobrecoxa e uma coxa, no máximo. Um magrelo faminto como eu comeria sem problemas.

Chama "Early Bird", mas nada tem de comida de passarinho.

Chama Early Bird, mas nada tem de comida de passarinho.

A metade do frango é literalmente metade de um frango mesmo. Pareceu-me, na hora, maior que o chester do Natal. Meio “Early Bird Special” (lembrem-se: são duas refeições iguais a essa aí por promoção) daria com folga para mim e para a P.

Metropolitan. Mais uma vez.
Deixei praticamente metade da refeição no prato e fomos para o Metropolitan, conferir o segundo andar que não pudemos ver na primeira ida ao museu.

Espremedor de limão do Philippe Starck (obrigado, R.), na seção de Arte Moderna

Espremedor de limão do Philippe Starck (obrigado, R.), na seção de Arte Moderna

O saguão de entrada do Metropolitan, lotado como sempre.

O saguão de entrada do Metropolitan, lotado como sempre.

Um armário Ming de verdade.

Um armário Ming de verdade.

Escada de acesso ao térreo.

Escada de acesso ao térreo.

Saímos exaustos, mas muito satisfeitos. Dica do dia: se faltar tempo e você precisar escolher uma área do segundo andar do Metropolitan para se dedicar, vá direto à seção de pinturas européias (Rembrandt, Renoir, Manet, Monet e centenas de outros pintores) e preste atenção às pilastras que separam as salas. Em algumas delas há indicações do tipo “você está aqui”, que ajudam na hora de andar sem se perder.

Nono dia – 26/12

Dia das compras
O combinado para o dia seguinte ao Natal era aproveitarmos a xepa e conseguir, quem sabe, algumas boas ofertas. Acordamos cedo e a R. nos levou até o Palisades Mall, (dado inútil: o décimo-segundo maior shopping dos USA, de acordo com a Wikipedia). No caminho, R. nos explicou que o tal shopping é considerado uma verdadeira aberração da engenharia civil norte-americana, pois foi construído em cima de um pântano. O resultado são as rachaduras que se espalham pelo chão. R. nos alertou para prestar atenção ao térreo, que está coberto por um carpete justamente para esconder algumas das fendas abertas no piso. Reza a lenda que o shopping está, literalmente, afundando, o que não deixa de ser irônico em tempos de crise.

Aproveitamos que o shopping ainda não se consumiu a si próprio e fomos nós às compras. De fato, ele é o maior que já visitei (pelo que vi, perde em área construída para o Aricanduva aqui em Sampa), mas nada tem de especial além do tamanho e de uma roda gigante no meio do parque de diversões. Os preços, frustrando minhas expectativas, não estavam tão convidativos como imaginei. Acabei descobrindo que a xepa do Natal nada tem de parecida com o que acontece na Black Friday, o dia seguinte ao Thanksgiving, em que os americanos vão às compras às 5 da manhã para aproveitar as promoções – nada como um motivo nobre para acordar cedo numa emenda de feriado.

Achei o vídeo abaixo que mostra como foi a Black Friday nesse shopping em 2006.

O Henry também tem uma experiência bem edificante na Black Friday, vale a pena conferir.

Chegamos cedo, evitamos parte da horda consumista que certamente viria mais tarde, e pudemos passear com certa tranquilidade. Infelizmente não cheguei a tempo de ver a Circuit City antes da falência. Também já tinha presenciado a KB Toys fechando a barraquinha dias antes num shopping em New Jersey. Restava-me a Best Buy, para as coisas que realmente interessam, ou seja, bugigangas eletrônicas.

O diabo do consumo

O diabo do consumo

Dica do dia: se você quer comprar eletrônicos nos USA, bater perna continua sendo um bom caminho. Muitas das ofertas da Best Buy ainda não batiam os preços da Amazon, por exemplo. Então é bom fazer uma pesquisa prévia online antes de ir para a loja física. Você pode chegar à conclusão de que, mesmo com o frete, pode valer a pena comprar numa loja virtual e mandar entregar no endereço onde você estiver hospedado durante a viagem.

Almoço no Friday's. Pelo menos a Coca é menor do que no Dallas BBQ. Atenção para o relógio comprado na 25 de março dias antes da viagem e que parou de funcionar no dia dessa foto.

Almoço no Friday's. Pelo menos a Coca é menor do que no Dallas BBQ. Atenção para o relógio comprado na 25 de março dias antes da viagem e que parou de funcionar no dia dessa foto.

Ainda passamos pela Victoria’s Secret (cuja loja é bem menos interessante que o desfile de lingeries da marca), Bed Bath & Beyond, etc., etc. Saímos do shopping e pegamos o ônibus para casa.

A frente da casa, até então sem foto. No canto direito, P. e a mala que ela acabara de comprar num chinês ali perto. Minha namorada ainda ficaria, mas a mala voltaria comigo para o Brasil. E bem cheia. De coisas dela, obviamente.

A frente da casa, até então sem foto. No canto direito, P. e a mala que ela acabara de comprar num chinês ali perto. Minha namorada ainda ficaria em Orageburg por um tempo, mas a mala voltaria comigo para o Brasil. E bem cheia. De coisas dela, obviamente.

Mal chegamos e a P. recebe uma ligação da R., uma das alemãs, convidando-nos para sair à noite. Acho que as au pairs da região sofrem de um problema crônico de falta do que fazer nas horas vagas, porque o lugar escolhido pelas meninas foi justamente o shopping do qual havíamos acabado de sair. Eu teria me contentado sem problema algum com um bate-papo em casa, um cinema, até o Dunkin’ Donuts do primeiro dia estava bom, mas lá fomos nós de novo para o monstro do pântano. Jantamos um sanduba genérico por lá e me preparei para as emoções do meu primeiro passeio solo por Manhattan no dia seguinte.


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